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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2009

Essencialmente Pessoa

Colecção i Exclusivo: Fernando Pessoa essencial todas as sextas-feiras, grátis, com o i A partir de 30 de Outubro, e durante 10 semanas, o i oferece-lhe o essencial de um dos grandes génios da literatura portuguesa.   Mensagem (Fernando Pessoa): 30 de Outubro O Banqueiro Anarquista (Fernando Pessoa): 6 de Novembro O Guardador de Rebanhos (Alberto Caeiro): 13 de Novembro A Essência do Comércio (Fernando Pessoa): 20 de Novembro Soneto já Antigo e outros Poemas (Álvaro de Campos): 27 de Novembro Sobre a República (Fernando Pessoa): 4 de Dezembro Prefiro Rosas, Meu Amor, à Pátria e outras Odes: 11 de Dezembro Aviso por Causa da Moral e outros Textos (Álvaro de Campos): 18 de Dezembro Liberdade e outros Poemas Ortónimos (Fernando Pessoa): 24 de Dezembro Páginas do Livro do Desassossego (Bernardo Soares): 31 de Dezembro FONTE: http://www.ionline.pt/conteudo/29696-exclusivo-fernando-pessoa-essencial-todas-as-sextas-feiras-gratis-com-o-i

do criador

Atirou-se ao mar e deixou que as águas cedessem à medida do corpo. Como que por engano, veio à tona. A tentativa para dar de caras com a morte tornou-o ridículo. Do céu adivinhou o riso incontido de senhor deus. - De que te ris, alteza? - Do teu falhanço monumental, bobo. Alma celeste, bonecreiro bafiento de barbas longas e amareladas, soltas Vivas pelo som do estéril fatalismo de um peso pluma, pensou. -Faltaste à chamada na pia baptismal, homem de deus. -Vim à procura do mergulho fatal, divino. -Encarnaste na personagem errada, criatura. -Limitei-me a seguir o que estava no guião, mestre. -Eu te dei a vida, eu te embrulho na morte, ser infame.

de ontem

Fiz-me ao caminho, rumei a Norte. Para trás deixei tudo, aqueles que amava, que detestava, que me eram indiferentes. Ouvi aqui e ali que era doido. “Deixas assim o sítio que te viu nascer?”, “ Mas, e o amor? o nosso amor…”. Nada lhes respondi. Durante anos, olhei para o chão, agora feito de granito, escuro, mesmo em dias em que a luz toma conta dos dias. Sempre na sombra de outros, à espera de acordar de novo, fazer de conta que os caminhos incertos eram os mesmos de outrora, as plantas, os turistas… Com o corpo pesado, a mente turva de ideias vazia, vagueio em terra alheia. Mudar custa sempre, ainda que entre mim e o passado presente, haja somente a distância de um braço de rio.

a ponte

Esforcei-me, até ao limite. Não pude dar mais. Esticavas a corda, eu arrastava-te de volta, naufrago à deriva. Doeu um pouco. O efeito do teu cigarro entorpecia a incompreensão, de quem perde a meio do jogo. A lembrança das noites de álcool a mais, cravava a distancia que se anunciava. Os astros perdiam o rumo aos signatários. Levanta o rosto, caminha rua fora, sóbria, sedenta por quem te ame. Transfigura a imagem de menina traquina que te persegue. Prepara de novo o leito comum. Esforça-te para que desta vez as cores ajudem a felicidade a instalar-se. A chuva trará alguém por companhia. Um missionário das noites longas, partilhadas, ensopadas na alegria breve, que um dia também nos guiou.

prémio e tu devias ser metido num contentor e deportado para bem longe (sabes uma coisa, cheiras mal!!!)

«A vitória foi bem entregue. Desconfio que o dr.António Costa descobriu o caminho marítimo para a Índia e, no mínimo, deve ser o presidente da capital dos contentores e das bicicletas. Estou muito satisfeito denascer em Lisboa,mas gostava de ter nascido em Bombaim» referiu João Braga a comentar a vitória do socialista à Câmara de Lisboa.

novembro que se avizinha

Nasci afogado nas lágrimas incessantes da minha mãe. O pulsar do coração não obedecia ao sopro da vida. Os pulmões respondiam a espaços. O ventre fechado não ousava abrir de novo portas. Cá fora tudo fere, deposita-se o tempo na pele enrugada, do embrião sem memória. Passaram-se anos. Só no novelo enrolado das fotografias consigo descortinar um laivo de agitação desse inverno. Revela-se a realidade estática do meu corpo. Constante agonia de palavras vãs, risco surdo de um diário mínimo por escrever. Movimentos presos, indeléveis, sacudidos pela perene brevidade de um sopro. Mais não sou que a fuga ao passado fracassado, construção material do amor consumado. Eu, como os outros, como vós.

o que eu ando a ler

Tudo dentro de tudo 2666 Autor: Roberto Bolaño Título original: 2666 Tradutores: Cristina Rodriguez e Artur Guerra Editora: Quetzal N.º de páginas: 1030 ISBN: 978-972-564-816-2 Ano de publicação: 2009 Há romances que se preocupam em fixar uma parte da realidade: um certo tempo histórico, uma certa geografia, o equilíbrio ou a tragédia de certas vidas. E depois há romances – muito poucos – que ambicionam abarcar o mundo inteiro. Não lhes interessa reflectir a realidade, mas antes criá-la de novo, reinventá-la, explorar-lhe os limites. São livros totais, que se deixam inebriar pela própria desmesura, sem medo do falhanço ou dos abismos para onde a sua ambição os pode arrastar. Em 2666, um professor de filosofia chamado Amalfitano faz o elogio destas grandes obras literárias «imperfeitas», as que «abrem caminho no desconhecido», enfrentando «aquilo que nos atemoriza a todos, esse aquilo que nos acobarda e verga». Obras como Moby Dick, O Processo, Bouvard e Pécuchet. Ou, acresce