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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2010

divulgação: workshop dramaturgia tribal

Horário: 6 fevereiro 2010 às 14:30 a 14 fevereiro 2010 às 20:30 Local: ACE/Teatro do Bolhão Organizado por: Luciano José de Sousa Amarelo Descrição do evento: Dramaturgia Tribal - Workshop de exploração da imaginação simbólica com Jorge Palinhos. 14h30-19h30 (20 horas). ACE/Teatro do Bolhão, Praça Coronel Pacheco, 1. Valor: 75€. Valor Amigo Terra na Boca: 67,50€ Este workshop pretende explorar a escrita dramática através dos símbolos, dos ritos e dos mitos que regem invisivelmente a nossa vida. Com base em estudos mitológicos, antropológicos, semióticos e textuais, os participantes farão vários exercícios que lhes permitam mergulhar na sua mitologia pessoal e compreender quais as histórias que querem contar e o que é que as histórias significam para si. Público-alvo: estudantes e profissionais de teatro e todos os interessados em escrita criativa e dramática. Programa do curso 1.º dia – sábado, 6 de Fevereiro – 14h30-19h30 1) Apresentação/Aquecimento 2) Totem

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E ali estávamos os três, reunidos para o habitual almoço evocativo, tensos, acossados, cada um circunscrito ao seu universo. Durante aquelas horas passou-me diversas vezes pela cabeça deixá-los à sua sorte de casal na terceira idade, fazer o saco e regressar ao meu apartamento, no centro da cidade. Mas não, entre a altivez do Pai, que de meia em meia hora, questionava a minha opção profissional – “Com que então senhor restaurador… senhor restaurador, de merda, só pode!”; “por isso é que não constituis família – uma namorada aqui, outra ali e pronto, nada de casamento ou filhos: para quê mudar de vida?”, “O teu irmão sim, era de medicina, um futuro Senhor Doutor…”. Ripostei: nunca o vi abdicar de algum do seu tempo, senhor meu pai, para de forma carinhosa e dedicada, olhar para mim e para o AS como seres autónomos, senhores da sua vontade. Sempre nas Urgências, Consultas fora de horas a vizinhos e conhecidos, estudioso de anatomia ou perspicaz investigador das mais recentes inovações fa

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Agora que olho para trás, já só consigo relembrar aquele dia de Verão como algo distante, como se alguém me tivesse contado a história vivida por outrem. Posso-vos assegurar que estive lá, só não tenho é a noção da dor. O filho primogénito dos meus pais tinha morrido num infeliz acaso: para socorrer um amigo de infância da força das ondas, deixou-se levar pelo mar bravio, na praia a poucos passos da nossa casa. O corpo foi resgatado horas depois, na preia-mar, quase desfeito. Eles jamais recuperaram do choque e desde então passámos a fazer uma reunião de família para que a memória de AS fosse preservada, entre nós. Para mim, as recordações de AS eram meramente circunstâncias, se é verdade que nos deixávamos levar pelo entusiasmo das brincadeiras de rapazes, a diferença de idades, levou a que com o passar dos anos nos fossemos tornando estranhos um para o outro. A medicina fascinava-o, convicto das ideias do nosso Pai, AS dedicava-se com afinco à preparação dos exames escolares e a a

muito lá de casa

Acordei ao som de um barulho estranho, seco. A tua caixa, a tua caixa. Num impulso, saí do quarto mal desperto, num salto cheguei à sala. O gato, em plena acção, fazia deslizar pelo chão o precioso objecto. Eu, guardião improvável de memórias alheias: daquelas partilhadas em noites improváveis, perito em levantar nevoeiros em dias radiosos, barqueiro nas águas de fogo, estava derrotado. O jogo inocente de um felino (Felis silvestris catus) destruiu toda a poesia que um sonho pode conter. E nunca mais te vi.