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A mostrar mensagens de maio, 2010

ainda em cena: recomendado

Chão Concreto apresenta NA SALA DO TEATRO LATINO 13 a 30 de Maio - Quarta a Domingo “Noites Brancas” encenação:Rodrigo Santos interpretação: Ivo Bastos, Nuno Preto 21h45m “O Negativo da Voz” encenação: Rodrigo Santos interpretação: Tânia Dinis 23h00m

do oriente

Vou pedir-lhe uma última vez, pare de me azucrinar a cabeça com esse maldito acordeão. Estamos no Metro, o som ressoa por tudo o que é sítio. Os passageiros não lhe ligam pevas e você insiste, como tivesse saído laureado do Conservatório de Música. A caixa de esmolas que a criancinha traz na mão continua vazia, o senhor nem por um momento hesita e pressiona com mais força as teclas do instrumento. Não tenho dúvidas, esta história vai acabar mal, para si e para quem o acompanha. Se quer que lhe diga, e já que não tem nada de melhor para fazer, podia dedicar-se a apreciar a grandiosidade da linha Vermelha, das monumentais Gares. Sabe, quando eu era miúdo os percursos do Metropolitano de Lisboa resumiam-se a um caminho em forma de Y. Como isto cresceu. Por mim passaram mais de vinte anos, tempo bem aproveitado para a retroescavadoras esventrarem a cidade de uma ponta a outra. Se algum dia eu imaginei poder vir passear a Marvila para ter betão e terra como paisagem?! Antigamente isto aqui

do antónio

Tem de reconhecer, meu velho, a sua figura cria uma certa repugnância a quem priva consigo. Parece-lhe normal que com sessenta anos se vista e comporte como uma senhora? Caramba, você ainda é casado, tem uma mulher a aquecer-lhe a cama, um filho malcriado, drogado ou pedinte, não interessa, que percorre Lisboa na pedincha de migalhas para uma dose. Bem sei que ganha para si, o suficiente para alimentar a boca da mãe, os vícios do filho, o almoço de domingo em família. Pense numa coisa, cantar à noite numa cave esconsa, repleta de homens salivantes, alheios à digna arte do playback, é tudo menos próprio para um si, homem de deus. Soraia, Soraia, eu não posso identificá-lo dessa forma, estamos num hospital público, não num circo de aberrações. Dê-me um nome próprio, apelido. Já me dou por satisfeito, senhor… vá, vá, pare com os enjoos, não me vomite a secretária, a medicação não o impele para tamanha fantochada, esses tremeliques são um truque fácil para se alhear da consulta. É a minha

do leste

Ficaste com um ares de desgraçada, nesse esgar de dor perpétua, sabias? Esqueces-te do que disse no nosso primeiro encontro, tu és bonita, bonita a valer. Teres-me preparado esta surpresa nem parece teu. Como pudeste tu andar tão animada por estes dias. Ontem, anteontem, antes e antes de ontem, não serei exagerado se afirmasse que no último mês da nossa vida tivesse deixado de ver essa tua expressão de felicidade, a contaminar toda a gente com histórias mirabolantes, plenas de tudo de bom que trazias contigo – até eu, que recuso estados de alegria inebriantes, me sentia diferente. Que gozo me deram aqueles passeios, da praia ao campo, sem itinerário definido. Aventura é aventura, Querido, se não gostas do imprevisto, habitua-te. E eu habituei-me. Em troca pedias-me que te falasse das serras, dos rios, do lugar, deste ou daquele escritor que por lá tinha passado. Se te fosse responder a tudo com seriedade e rigor, quase teria de transportar uma biblioteca itinerante na bagageira do ca

divulgação: workshop dramaturgia tribal II

Dramaturgia Tribal II - Laboratório de Exploração da Imaginação Simbólica - A Metamorfose com Jorge Palinhos 22, 23, 29 e 30 MAIO 14:30-19:30 (20 horas) Galeria de Paris Rua das Galerias de Paris, 56 - Porto Preço: 75€. Amigo Terra na Boca: 67,50€ Mínimo: 8 pessoas. Máximo: 16 A metamorfose é o princípio dinâmico da criação, que rege o nascimento e a morte, a máscara e a transformação. É, por isso, o conceito-central de grande parte dos mitos e também de grande parte das histórias que conhecemos e contamos. Após a boa recepção do primeiro workshop de Dramaturgia Tribal, propõe-se agora este laboratório que, partindo da exploração das imagens, símbolos, ritos e mitos que conhecemos, permitirá aos participantes desenvolver e aprofundar histórias em torno da ideia de transformação e auto-conhecimento.Os textos resultantes deste laboratório deverão ser transformados num espectáculo a apresentar até ao final do ano. Público-alvo: Estudantes e profissionais de teatro e todos os

da mexicana

Deixa-me que te diga, as almas penadas que trazes para casa contaminam o ar que partilhamos. Eu sei que a tua profissão passa por lidar com mortos, corpos deitados em marquesas, sem defesa possível perante a curiosidade do bisturi e da profundidade analítica da medicina legal. Não bastava termos um assassino na cidade a expandir o terror sobre quem sai à rua e chegas tu, leve e fresca ao fim do dia, no à vontade de um qualquer assunto corriqueiro, a falares-me de uma, duas, três mulheres feitas cadáver, dissecadas no teu laboratório. Do que morreram, como as mataram, a cor da pele ou o tom desmaiado dos lábios. Não quero saber, não quero mesmo. Sou um tipo sem pretensões a ser elevado a herói nacional, não pretendo entrar na cabeça desse maníaco que por um qualquer descontrole emocional mata dezenas de raparigas, agarrá-lo e entregar o espécime às autoridades. Por acaso vês-me como representante das forças de segurança? Protector de vítimas indefesas? Eu só te escuto, no limite, dou op