Já perdi a conta às vezes que me aturaste. Em que ao ouvires a minha voz apagada disseste “isso não é nada, rapaz”. Do trabalho aos namoros, tenho dias que só me apetece mandar tudo à merda, família, amigos, tudo positivamente. É nessas ocasiões que qual messias, o telefone toca e lá vens tu com uma palavra ponderada, esclarecido como poucos, o homem que também puxa a minha carroça para a frente.
Miguel, ainda te lembras do dia em que começámos a crescer juntos?, eu tenho isso bem presente: Era Julho, apareceste em Lisboa com o teu pai e ficaste lá em casa, mesmo depois dele ter regressado a Odemira, a partilhar as tuas férias comigo. Jogámos à bola juntos, andámos na rua a derrotar ao keips todos os ranhosos da Feliciano de Sousa (este gajo foi um sindicalista dos inícios do século XX, sabias?) e fomos de certeza à bola, ver o Atlético levar no pêlo - uns anos depois destes primeiros episódios, estivemos no velho estádio da luz a assistir a uma partida de futebol da Taça de Portugal, em que o Benfica recebeu e venceu, após prolongamento o Guimarães: o que chovia, como nós ficámos encharcados. Que vitória!
E os projectos por realizar, meu bom rapaz?! Espero escrever contigo, filmar contigo, no fundo divertir-me e desfrutar da tua companhia. Se conheço o Algarve e tenho hoje em dia uma boa relação com o sítio, devo-o a ti. Desde a tua mudança lá para baixo, que faço questão de, quase religiosamente, ir até São Brás fazer-te uma visita. Começo a movimentar-me à vontade por Tavira, Faro, Loulé. Tudo porque tu estás aí, só por isso.
Desculpa não ter estado em Cádis para o casamento. Foi de repente, tão inesperado, teria de pôr algo formal, para não fazer má figura. Estar fora do meu ambiente. Custou-me ficar no Porto, saber só dos pormenores telegráficos da cerimónia. Merecias o meu esforço.
Uma última coisa, vejo-te como um irmão, tremo de poder perder-te um dia. Partires para outro lugar. Nos teus fins-de-semana em Espanha, desejo sempre que regresses sem sobressaltos. Se um dia decidires a tua vida por lá, como é que eu fico? Provavelmente mais sozinho, com menos paciência e amor para dar a quem esteja comigo. Sabes, mesmo com alguma diferença de idade, somos muito parecidos, quase iguais: cabelo grisalho, olhos verdes… e claro, o sangue que corre, AHR negativo.
Miguel, ainda te lembras do dia em que começámos a crescer juntos?, eu tenho isso bem presente: Era Julho, apareceste em Lisboa com o teu pai e ficaste lá em casa, mesmo depois dele ter regressado a Odemira, a partilhar as tuas férias comigo. Jogámos à bola juntos, andámos na rua a derrotar ao keips todos os ranhosos da Feliciano de Sousa (este gajo foi um sindicalista dos inícios do século XX, sabias?) e fomos de certeza à bola, ver o Atlético levar no pêlo - uns anos depois destes primeiros episódios, estivemos no velho estádio da luz a assistir a uma partida de futebol da Taça de Portugal, em que o Benfica recebeu e venceu, após prolongamento o Guimarães: o que chovia, como nós ficámos encharcados. Que vitória!
E os projectos por realizar, meu bom rapaz?! Espero escrever contigo, filmar contigo, no fundo divertir-me e desfrutar da tua companhia. Se conheço o Algarve e tenho hoje em dia uma boa relação com o sítio, devo-o a ti. Desde a tua mudança lá para baixo, que faço questão de, quase religiosamente, ir até São Brás fazer-te uma visita. Começo a movimentar-me à vontade por Tavira, Faro, Loulé. Tudo porque tu estás aí, só por isso.
Desculpa não ter estado em Cádis para o casamento. Foi de repente, tão inesperado, teria de pôr algo formal, para não fazer má figura. Estar fora do meu ambiente. Custou-me ficar no Porto, saber só dos pormenores telegráficos da cerimónia. Merecias o meu esforço.
Uma última coisa, vejo-te como um irmão, tremo de poder perder-te um dia. Partires para outro lugar. Nos teus fins-de-semana em Espanha, desejo sempre que regresses sem sobressaltos. Se um dia decidires a tua vida por lá, como é que eu fico? Provavelmente mais sozinho, com menos paciência e amor para dar a quem esteja comigo. Sabes, mesmo com alguma diferença de idade, somos muito parecidos, quase iguais: cabelo grisalho, olhos verdes… e claro, o sangue que corre, AHR negativo.
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