Quando parar de tremelicar talvez o possa ajudar. Sossegue, tente controlar a respiração, vá, conte 1, 2, 3, isso, devagar, vê como consegue. Calma, tente levantar-se devagar, sem movimentos bruscos; os seus músculos estão demasiado tensos, sem forçar, olhe que além da dor psicológica que o apoquenta ainda fica para aí todo torcido. Mas você está todo transpirado, homem, tem essa cama num caos, os lençóis rasgados de uma ponta a outra, os cobertores espalhados pelo chão, ó valha-me deus.
Ouça, esteja à vontade. Fale do que quiser, eu estou aqui para isso mesmo. Teve algum ataque de raiva durante a noite? Não?! E pânico sentiu? Também não?! Bom, mas não descansou… Ah sim, a cabeça pôs-se a trabalhar… e? O coração bombeava o sangue à velocidade da luz (Essa nunca tinha ouvido…). Vozes, deu conta de vozes estranhas a querem conduzir os seus movimentos… Hum, e isto tudo medicado?! Os meus colegas acompanharam-no desde o início… Bem.
Se eu lhe pedir para caminhar da cama até à janela, consegue?! Sente as pernas firmes, segura nos passos. A cabeça, pesa-lhe demasiado? Não?! Excelente! E lá fora, descreva-me o que vê. Sim, tem as árvores, as grandes são os plátanos, Sim, tem as plantinhas amarelas chamadas mimosas, Continue… Como? Nos troncos há folhas escritas? Estranho… Consegue descortinar a mensagens? É uma mensagem, uma única mensagem, diz você, está muito bem. Morrer, morrer… Você vai morrer? Acredita então que a flora o está a avisar de que vai morrer, é isso? Bom, morrer, todos morremos um dia, estando a atravessar uma fase mais feliz ou mais triste. A felicidade, comprovadamente, estende-nos a esperança de vida, os mais felizes viverão mais tempo, sim. Mas sabe, caríssimo, não é por estar aqui internado, enfiado dentro de quatro paredes, sem direito a visitas por uns dias, que vai passar para a classe dos vencidos da vida. Um par de meses e há-de recuperar a compostura, o ânimo, claro, o mais importante, a esperança, a esperança em si mesmo. Olhe que entre a sua condição e a minha não existe grande diferença, para lá da óbvia bata branca e da condição de médico versus paciente. Se eu estivesse no papel que aqui o trouxe, é provável que ficasse surpreendido com aquilo que trago para contar.
Ouça, esteja à vontade. Fale do que quiser, eu estou aqui para isso mesmo. Teve algum ataque de raiva durante a noite? Não?! E pânico sentiu? Também não?! Bom, mas não descansou… Ah sim, a cabeça pôs-se a trabalhar… e? O coração bombeava o sangue à velocidade da luz (Essa nunca tinha ouvido…). Vozes, deu conta de vozes estranhas a querem conduzir os seus movimentos… Hum, e isto tudo medicado?! Os meus colegas acompanharam-no desde o início… Bem.
Se eu lhe pedir para caminhar da cama até à janela, consegue?! Sente as pernas firmes, segura nos passos. A cabeça, pesa-lhe demasiado? Não?! Excelente! E lá fora, descreva-me o que vê. Sim, tem as árvores, as grandes são os plátanos, Sim, tem as plantinhas amarelas chamadas mimosas, Continue… Como? Nos troncos há folhas escritas? Estranho… Consegue descortinar a mensagens? É uma mensagem, uma única mensagem, diz você, está muito bem. Morrer, morrer… Você vai morrer? Acredita então que a flora o está a avisar de que vai morrer, é isso? Bom, morrer, todos morremos um dia, estando a atravessar uma fase mais feliz ou mais triste. A felicidade, comprovadamente, estende-nos a esperança de vida, os mais felizes viverão mais tempo, sim. Mas sabe, caríssimo, não é por estar aqui internado, enfiado dentro de quatro paredes, sem direito a visitas por uns dias, que vai passar para a classe dos vencidos da vida. Um par de meses e há-de recuperar a compostura, o ânimo, claro, o mais importante, a esperança, a esperança em si mesmo. Olhe que entre a sua condição e a minha não existe grande diferença, para lá da óbvia bata branca e da condição de médico versus paciente. Se eu estivesse no papel que aqui o trouxe, é provável que ficasse surpreendido com aquilo que trago para contar.
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